Entrevista ao "Guilhotina", do Le Monde Diplomatique, 01 set. 2023
- Fábio Monteiro
- 10 de set. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de out. de 2023
RESUMO: O presente artigo se propõe como um convite para a entrevista concedida ao podcast "Guilhotina", do jornal Le Monde Diplomatique, em 01 setembro de 2023.
Dentre as diversas atividades de divulgação do livro “O cinema de Patricio Guzmán...” está a entrevista ao podcast Guilhotina, do jornal Le Monde Diplomatique. Realizada na primeira quinzena de setembro de 2023, a entrevista partiu das efemérides em torno dos 50 anos do golpe chileno para abordar diversos temas relativos à América Latina contemporânea.
A conversa foi aberta com algumas considerações sobre o meu encontro com o cinema de Guzmán durante a Graduação em História na Universidade Federal de Ouro Preto e, a partir de então, entramos na análise de como a sua obra reflete os impasses vividos pelo governo Allende, a repressão social instalada pelo pinochetismo e as contradições que marcaram a redemocratização chilena na passagem dos anos 1990 para o século XXI.
Luís Brasilino e Bianca Pyl foram bastante generosos ao darem ouvidos ao processo de confecção do livro, principalmente quando se colocaram para saber mais sobre a maneira como a nossa pesquisa lançou um olhar crítico sobre temas já consolidados (e alguns canônicos) em torno da filmografia de Patricio Guzmán.
Em primeiro lugar, não seria demais ressaltar o fato de o livro se pioneiro ao propor uma análise fílmica, histórica e filosófica do conjunto da obra de Guzmán. A partir disso, foi possível comentar um pouco mais sobre a crítica de categorizações tomadas como canônicas como a ideia de que a “segunda trilogia” seria uma “trilogia da memória”, sendo que esta classificação surgiu da entrevista que o realizador concedeu à jornalista Cecilia Ricciarelli no ano de 2010.
A partir da nossa pesquisa, propomos a categorização da “segunda trilogia” como “trilogia dos testemunhos”, levando em conta a pluralidade da formação política e ideológica das pessoas-personagens que compõem o filme. É importante ter em mente que, nesta trilogia, são encontradas vozes de miristas, socialistas, comunistas e, por assim dizer “allendistas”, sendo que cada uma delas compreende o governo Allende e o golpe de 11 de setembro de maneira bastante singular.
Um segundo avanço importante em relação ao “estado da arte” da obra de Guzmán é a ideia de que a “terceira trilogia” seja chamada de “trilogia da imensidão íntima” a partir de um diálogo intenso com a obra de Gaston Bachelard. A proposta aqui consiste em uma atividade que, simultaneamente, endossa um avanço na maneira como a teoria crítica recebe a obra de Guzmán; solicita a Filosofia para pensar o cinema guzmaniano e seus desdobramentos sociais e políticos e, por fim, indica como é possível pensar o conjunto de sua obra como arcos narrativos encerrados em si mesmos ao mesmo tempo que dialogam entre si.
Com isto, esperamos que este breve artigo seja um convite para vocês conhecerem um pouco mais do cinema de Guzmán e da nossa realidade latino-americana a partir de nossa a entrevista ao podcast Guilhotina, do jornal Le Monde Diplomatique.
Palavras-chave: 50 anos do golpe chileno; Guzmán; Allende; América Latina; Cinema;
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